segunda-feira, 28 de dezembro de 2009


Fazer aniversário no final do ano gera um monte de consequências que podem ser ou não traumatizantes.
Por exemplo, uma pessoa que faz aniversário em dezembro, mais precisamente naquele período pré-natal até o ano novo, não tem: festinha de aniversário no recreio que se estende pelas aulas; "com-quem-será" constrangedor na frente do amiguinho amado da carteira ao lado; festa de aniversário proveitosa (no máximo, vai a sua avó e o amigo desconhecido do seu pai); dois presentes e etc.
A grande parte dos seus amigos está viajando pra passar o natal na casa dos seus parentes distantes ou, simplesmente, indo a lugares mais interessantes do que a sua festa fadada ao fracasso.
Mas, as vezes, nem é tão ruim assim, considerando que você estará livre daquele cara chato que te persegue o ano todo, porque, claro, ele também estará viajando; e sempre tem uma boa alma que compreende que o seu aniversário nao está relacionado com o de JC e que é mais do que justo que você ganhe dois presentes, afinal, você nem tem tanta fama quanto o cara e ainda vai sair perdendo? E, nesses raros momentos em que você ganha dois presentes ainda fica aquela sensação de quantidade, como se você tivesse recebido mais presentes do que todos, um mero engano, claro.

Ah, mas sem traumas, né. Afinal, sempre tem o orkut pra lembrar do seu aniversário.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Então, é natal.


O bom do natal é quando ele termina. Sim, no final do dia 25, quando todos já não sabem mais onde enfiar as suas cabeças, que sugaram como uma esponja todas aquelas músicas natalinas; quando você já está desejando a morte do próximo parente esquecido que vai ligar pra desejar um "feliz natal" e aproveitar pra desejar um "próspero ano novo"; quando os programas natalinos já parecem um verdadeiro encorajamento para um suicídio coletivo; quando, finalmente, o peru/chester/frango/galeto acabou; quando não sobra mais uma rabanada velha; quando o Roberto Carlos joga a sua última rosa da noite.
Quando você percebe que, sim, você sobreviveu a mais um natal em família/amigos/desconhecidos e draguequeens.
Ah, esse é o momento mágico do natal.


Agora é só esperar o ano novo, não é mesmo? E não esqueçam das calcinhas vermelhas e das lentilhas, por favor.

domingo, 8 de novembro de 2009



quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Hiato criativo.

domingo, 1 de novembro de 2009

meus e tenho dito.


Meu café é sem açúcar. Meus suspiros não são de saudade, nem de amor. Meus dias e as minhas noites são filhos do mesmo pai, o cotidiano. Meu ser sociável foi comprar cigarro e até hoje não voltou. Minha trilha sonora é embalada pelo tiquetaqueando do relógio. Minhas lágrimas não valem as pitangas dramáticas da novela das oito. Meus amores platônicos decidiram se atualizar e me trocaram por Weber ou Comte, ainda não sei o certo. Meu universo se expande em hormônios e íons, mas entra em caos com equações trigonométricas. Meus sonhos são baratos, valem centavos na padaria da esquina. Minha caverna tem parede verde, uma cama confortável e uma porta constantemente aberta, mas que eu não atravesso.
Mas essas coisas são minhas, sabe. Transbordam a minha existência tímida e depois me sufocam, mas nunca me deixam.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

;

E no meio de um dia incrivelmente quente, Recife vibra patologicamente a sua existência, e cada forma de vida, por mais medíocre, procura uma sombra inexistente.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009


Ah, não quero mais conversa que não seja libertação.
Cansei das meias palavras, meias sujas e furadas. Cansei dessa verdade malabarista de sinal de trânsito. Cansei do dito pelo não dito. Cansei das aparições sonâmbulas no meu quarto. Cansei dos versos mal engendrados, sem rima e, muito menos, progressão.
Quero o lado mais belo e o mais sórdido da liberdade. Quem sabe até um pouco de libertinagem - por que não? - mas que seja pleno. Quero tudo isso e até a última cereja do sorvete, mas, por favor, que seja para amanhã. Hoje, sinceramente, eu cansei.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009


Compreendes agora quando eu dizia para você não vir com essas estórias de meu-bem-querer? Compreendes agora o porquê dos meus olhos tão fugitivos só de pensar nos seus tão miúdos? Compreendes agora a minha dificuldade em compreender o seu óbvio - o meu óbito?
Percorremos os mesmos caminhos sinuosos, apostamos nas mesmas saudades e esquecemos as mesmas lamúrias.
Ah, o (des)amor. Derrubou o meu muro, invadiu a minha estabilidade, bagunçou minhas ideias e me abandonou aqui, no caos que eu ainda consigo ser.

domingo, 4 de outubro de 2009


* Calvin: Não se pode abrir a criatividade como uma torneira, você tem que estar no pique certo.
* Haroldo: E que pique é esse?
* Calvin: Pânico do último minuto.

domingo, 27 de setembro de 2009


Vazio mental, exatamente isso. Queria poder abdicar do meu estado de ser pensante, pelo menos por alguns dias. Todas as minhas tentativas de esvaziar a minha mente foram frustrantes. Quando pensava que estava conseguindo a paz de mim mesma, já estava pensando exatamente naquilo que eu não queria. Bem, e esse processo se estende por toda uma longa noite ou longos dias, dependendo do desespero.
Sabe, essa dádiva de pensar está mais pra presente de grego.

sábado, 26 de setembro de 2009


o mais total interdito.

sábado, 19 de setembro de 2009


Criava expectativas como quem cria coelhos. Dava abrigo, proteção e alimento, principalmente alimento, podia faltar tudo menos isso. E, assim, com a mesma devoção com que ela os alimentava, eles se reproduziam. Se duplicavam, se criavam, se recriavam. Ocupavam todo o espaço físico, visual e mental. Consumiam sua criadora com a mesma voracidade que consumiam as suas folhas.
Mas chegou um dia que não havia mais espaço para tantos, não havia mais criadora para tantos.
Tudo era coelhos. Tudo era expectativas. Tudo era o caos.
Então, na fragilidade do momento, chegou uma praga qualquer, uma deficiência qualquer e dizimou todos com a mesma velocidade com que surgiram.
Tudo ficou árido. Tudo ficou vazio.Tudo se desfez, menos ela.
Ela que de consumida passou a ser consumidora. Adubou a terra estéril. Plantou uma flor, uma alfafa e um sonho. E logo apareceu um coelho. Dois coelhos. Dez coelhos. Mil expectativas. O caos.

domingo, 13 de setembro de 2009


Habituou-se ao cotidiano de despertadores, afazeres e caminhos. Aninhou-se na previsibilidade dos fatos e moldou-se as horas. Se satisfazia, facilmente, com as mesmas coisas, simplesmente pela ideia de estar protegida do inesperado, das variantes da vida.
Num dia tudo, no outro nada. Num dia sim, no outro não.
E nesse ritmo de alta produtividade, mas baixa qualidade, ela se perdeu em si. Emitia sons de mesma frequência. Produzia sentimentos de mesmo formato - repetia até os erros.
Mergulhou no senso comum e saiu de linha de produção.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009


Em meio a infinitude do firmamento, ao desconsolo do meu coração, ao furacão dos meus pensamentos, ao descompasso dos meus atos. Durante o arrastar de uma noite, a única coisa que se fazia visível era você sentado na beira da minha cama.
Eu mal podia ver as minhas mãos, mas enxergava muito bem o seu rosto calmo, como se já soubesse o que iria encontrar. Já eu estava apavorada. Você não sabe como eu ainda fico nervosa com você. Nervosa de amor. Nervosa de rancor. Nervosa de saudade.
Saudade do tempo que quem chegava pelos sonhos era eu. Saudade de quando ficávamos refugiados no seu quarto, imersos nos nossos planos, nos nossos conselhos mútuos, em nós.
Mas, dessa vez, quem chegou foi você, varando um noite muda e difícil. E mudos também ficamos, e o silêncio, que antes era reconfortante, agora me dilacerava a cada hora sem uma palavra. Foi dessa forma como a noite se arrastou. Então, quando eu já estava decidida a te negar a minha atenção, quando o princípio de claridade já começava a incomodar o minha vista cansada, você sorriu pra mim e disse pra eu ter fé.
Mas fé em quê? Você sabe que eu tenho problemas em ter fé. Eu tinha fé em nós, meu bem, e veja só. Você poderia ter passado a noite toda me dizendo como fazer isso, eu te escutaria, você sabe disso. Mas você se limitou a essa frase e a um sorriso terno.
Então, pelo menos nas primeiras horas daquele dia, eu tive fé, certeza. Porque fé, quando não se tem, se inventa.

domingo, 30 de agosto de 2009


Não, não me olhe desse jeito estranhamente, falsamente cativante. Não, não e não. Dessa vez você não vai sentar aqui do meu lado, não vai me contar as suas histórias de meu-bem-querer, não vai cantarolar ao pé do meu ouvido justamente o que eu quero ouvir. Esse seu jeito todo complacente de ser quase me seduz, mas, no final, apenas me deixa com uma fome monstruosa de tudo o que você me oferece, mas que as minhas mãos não têm capacidade de segurar ou os meus olhos de ver.
Mas, por favor, não me olhe com essa cara de renegada e incompreendida. Eu não nego que já te aceitei mil vezes, te chamei pelo nome, te peguei pela mão e deixei minhas lamúrias mais bonitas com você. Eu sei. E você também sabe; sabe todos os buracos que me deixou e todas as horas perdidas apenas pensando em você.
Então, hoje você pode ir, não adianta nem começar a gastar as suas palavras bem colocadas e nem os seus melhores gracejos.
Hoje eu não estou pra você, expectativa.



O desejo insiste
E desaba em mim
Segue com meus passos
Come com meus dentes


(porque hoje é dia.)

sábado, 29 de agosto de 2009


Toda mudança é complicada, fato. Isso fica óbvio quando eu me deparo com aquelas coisas que ficam bem no fim do armário, estrategicamente guardadas para evitar qualquer desventura nostálgica, qualquer percepção errada do que foi, do que é ou do que será.
Mas mudar é assim mesmo... Perceber que aquela faxina já deveria ter sido feita. Ver que certos sonhos já não te cabem tão bem e que está na hora de mudar o estilo. Descobrir aquela sua camisa, no final da gaveta, e perceber que nenhuma limpeza de mudança é capaz de arrumar certas coisas. É encontrar aquele cd e perceber ele não te encanta como antes. É tentar reciclar lembranças, mesmo aquelas que tem bem explícito na embalagem: não reutilize essa embalagem após o uso do produto. É perceber que o seu armário tinha muito mais espaço do que você imaginava e que aquele livro ou cd novo foi descartado apenas por apego ao antigo, ao óbvio.
Então, mudar é isso... desfazer-se de si para ser você mesmo, de verdade. E torcer para que o próximo armário seja bem grande.

domingo, 23 de agosto de 2009



Recuas atrás um passo
Para depois dar dois em frente

sábado, 15 de agosto de 2009


Abri e fechei o editor mil vezes. Tudo para ver se eu coloco pra fora tudo essa volúpia aqui de dentro. Mas pra quê,né?
Deixa pra lá.

Alguma coisa sempre faz falta. Guarde sem dor, embora doa, e em segredo.

domingo, 9 de agosto de 2009

Dad is not dead.


Ele se disfarça de carrasco, sargentão, frio e calculista; mas aparece no meu quarto, num fim de domingo deprimente, com a desculpa de querer saber se eu estou com febre só para perguntar o porquê da minha tristeza. Sim, ele é o meu pai.
Fazemos a típica dupla de compreensivos incompreendidos. Ele com as regras, eu com a rebeldia. Ele negando, eu esfregando na cara. Ele sentindo ciúmes, eu com desapego.
Ele é o único que respeita meu mau humor matinal e que aceita meu gosto por cores frias. Ele, também, é o único que consegue gerar as minhas piores crises.
E, quando as tardes de estudo já estão virando um suicídio, ele entra no meu quarto e tenta, frustradamente, lembrar e me explicar física, e eu finjo que entendo só para a felicidade dele.
E nesse meio tempo, de quase duas décadas, eu seria muito injusta se dissesse que ele não é um bom pai, apesar dos pesares. Seria tão injusta quanto ele quando diz que eu não estudo.
Mas a vida é uma via de mão dupla, como ele sempre diz.
E eu sempre pergunto por que a via dele está sempre interditada pra mim. Então, ele ri, negando com a cabeça; porque ele sabe que já encontrou toda a força armada, muros e fios de alta-tensão na minha via.
E, assim, a gente segue nesse tango argentino. Um dia beijos, no outro, tapas; mas sempre com a mesma certeza - a nossa certeza.

Dead is not dead, nor I.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009


O que dizer sobre uma manhã vazia e frustrante?
Nada. Todos, até mesmo as menininhas da Malhação ou os garotos super descolados dos seriados, têm uma manhã vazia e frustrante. Logo, nenhum mérito meu.
Agora, o que dizer de uma manhã vazia e frustrante gerada por decepções sentimentais antigas, daquelas que você insiste em acrescentar dois pontos naquele medonho ponto final, ham?
Burrice, isso sim. Não há meias palavras e nem eufemismo pra isso, é burrice e um ponto final bem redondo. Estragar um manhã que ainda nem começou - meu rosto ainda está com aquela deformação típica do travesseiro - por reflexos do passado.Ora, não.
Para ter noção do estrago, nem mesmo um clip do Jimi Hendrix com todas aquelas façanhas absurdas com a guitarra me deixou animada como antes. Nem mesmo descobrir que a Fernanda Takai tem um cd novo com músicas antigas - o quê não importa - me deixou satisfeita.Nem mesmo...
Não que minha manhã estivesse prometida a grandes feitos e emoções, na verdade, estava longe disso. Estragou minha rotina das manhãs de quinta-feira,não tomei meu café morno, não vi minha listas de afazeres, não vi o jornal e nem limpei o xixi do cachorro.
Tudo por causa das reticências, tudo porque eu acordei junto com o despertador hoje,tudo porque eu não sou tão esperta sem você e com você, assim, eu fico menos esperta ainda.
E o pior: ainda tenho uma manhã inteira de chuva e resquícios de 'be quiet and drive' tocando na minha mente.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009


Para começar, é preciso dizer que ela sempre chegava atrasada. Mesmo quando ela não perdia o outro pé do tênis dentro do armário, mesmo quando ela não pegava o ônibus errado, mesmo quando a mãe dela não ficava fazendo discursos na porta de casa, mesmo quando ela conseguia escolher, rapidamente, a roupa que agradaria os olhos dele. Ela se atrasava.
Não era falta de consideração, distúrbios mentais ou compromissos inadiáveis. Era, simplesmente, para poder chegar minutos depois dele e poder ficar observando os detalhes: o modo como ele se encostava no portão de casa, de como estalava os dedos, de como olhava o relógio, de como tinha paciência com a vizinha, de como o vento carregava o seu cheiro de banho tomado e um pouco de cigarro. Era para ter certeza que ali era onde ela deveria estar.
Depois desses segundos secretos, ela chegava com cara de despreocupada, com um sorriso fino e uma desculpa na ponta da língua - manter seguro o seu segredo era primordial.

E mesmo nos dias em que ela tinha tempo e podia chegar antes do combinado, ela não ia. Sentava na escada e esperava a hora certa. Não aguentaria ficar esperando sem ter certeza se ele viria ou não.Morreria se ele não viesse, mas negaria até a morte isso.

sábado, 25 de julho de 2009


Estou cansada de amenizar sentimentos, abortar possíveis mudanças ou podar pensamentos "não focados".
Tudo isso por um "objetivo maior", tudo isso por ideal imposto que, agora, eu faço questão de ter. As vezes, eu me contesto, me xingo e me odeio por ficar assim, anestesiada com a vida.
Eu sei que, de certa forma, essa opção é minha e por mais que isso me revolte não tem mais volta; cheguei num ponto que continuar é vital.
Mas confesso que eu me sinto cansada com toda essa objetividade.



"Dei quase 5 passos e parei,
não podia andar pra trás,
mas confesso não cabia enxergar tantos sinais.
Alô, eu sei, se chega até aqui, tão no limite não dá mais pra desistir."

domingo, 19 de julho de 2009


"Fica feliz que vai funcionar."
Repito, várias vezes, pra ver se acredito.

sábado, 18 de julho de 2009


Eu queria um pedaço gigante e suculento de inspiração. Pegaria e sem hesitação colocaria tudo dentro da minha boca, sem medo de me engasgar, sem medo da possível indigestão. Acho que qualquer sensação é melhor do que essa dorzinha de fome no fundo do meu estômago mental.

sexta-feira, 10 de julho de 2009


Como dois estranhos,
cada um na sua estrada,
nos deparamos, numa esquina, num lugar comum.
E aí?

E aí, meu bem?
E aí, passa direto, pq isso é só uma música e ninguém vai ficar te esperando na esquina.
Não tem ninguém na esquina, acorda!

quinta-feira, 9 de julho de 2009


Sem gritos de alegria, sem espasmos de ansiedade, sem a deliciosa falta de atenção causada por esses momentos. A minha alegria, previamente sonhada, foi substituída pelo medo previamente ignorado.
Voltar saiu de cena. Continuar e resistir tomaram o lugar no palco e tentam, da forma mais tosca, atuar com algum tipo de veracidade.

domingo, 5 de julho de 2009



Alô você, destino.
Sério, eu não aguento mais essas dúvidas.
Vem aqui. Chega mais perto. Não fica fugindo assim. Senta do meu lado e encosta o ouvido aqui.
Tá ouvindo meu coração? É, nem eu.

domingo, 28 de junho de 2009


Só mesmo quem tem como musa a garota de Ipanema pode dizer que as águas são de março e fecham o verão. Aqui, em Pernambuco, onde a musa é a moça bonita da praia de Boa Viagem, as águas dão o ar da graça no final de março, entram em abril, passam por maio, se acomodam em junho e e começam a fazer as malas só no final de julho.
Mas não pensem que tudo isso é preconceito, só porque a musa daqui não é internacional, isso tudo é geografia. Uma pequena explicação: Pernambuco é influenciado por uma massa de ar úmida - cujo nome não vem ao caso, pois eu não lembro - proveniente da Amazônia, logo apresenta um clima tropical do tipo As' - inverno chuvoso!
Pronto, expliquei.

Porém, caros leitores inexistentes, não pensem que eu tenho alguma simpatia pela geografia, pois eu não tenho. A minha única simpatia é pela idéia de ver o meu nome na lista da federal, logo pretendo esquecer de tudo isso quando eu sentar no bar da Kely - ou em qualquer outro bar - para comemorar a minha aprovação.
Contudo, é vital não esquecer que nessa época do ano é obrigatório sair - sempre - com um guarda-chuva. Parece que a chuva e o sol brincam de morto-vivo e nunca se sabe, ao certo, quando se vai levar um banho de chuva e de água suja das ruas cheias.
E, importante também, nunca saiam com uma roupa mais quente, pois nunca vai fazer frio o suficiente para isso.
Porque vocês sabem, né... nem mesmo a garota de Ipanema ou a moça bonita da praia de Boa Viagem ficam sensuais num Rio Doce/Piedade - lotado, óbvio - ensopadas pela chuva e pelo suor - delas e dos outros passageiros.
Pronto, falei.

sexta-feira, 26 de junho de 2009


Afável - era o que pensava quando segurava aquele pedaço de pano. Afável, amável entre tantos outros adjetivos que ela procurava para aquilo que trazia tantos sentimentos ou fazia surgir tantos sentimentos.
Velho, gasto, meio puído, com cheiro de guardado. Essa era a visão que qualquer um teria daquele pedaço de pano, menos ela.
Ficava sempre no fundo do armário, num lugar não tão visível e muitos diriam que estava esquecido, mas ela diria que estava cautelosamente guardado.
Um pedaço de pano tão inflado de lembranças, sorrisos e abraços não poderia ficar à vista - ela não estava sempre preparada para aquele turbilhão de sentimentos.
Mas nas horas que ela esquecia de si, esquecia dos sentimentos, esquecia do sentido do que é ser completo...ela procurava aquele pedaço de pano, aquele mesmo velho e sem nenhuma pretensão a não ser a de completar o que um dia foi repleto.
Era um casaco. Era ele. Era ela. Era.

terça-feira, 23 de junho de 2009


Devaneios sentimentais.

sábado, 20 de junho de 2009


Minhas palavras estão preguiçosas; acordam, limpam a baba, se remexem, viram pro lado e voltam a dormir. Dormem, esquecem, ignoram. Cansaram das lamúrias.

sexta-feira, 19 de junho de 2009


Quero falar com o chefe. Quem comanda toda essa bagunça?
Eu pago caro, no dia e faço concessões absurdas. O preço é muito alto pra aceitar que nada funcione direito ou só com um jeitinho. Quero muito mais que um sorriso frouxo ou palavras mornas. Quero tudo o que tenho direito, até a cereja no sorvete.
Cansei.

sábado, 13 de junho de 2009


Ultimamente, eu tenho andado meio que no limite dos sentimentos. Não é feliz, é super feliz. Não é triste, é arrasada. Não é preocupada, é apavorada. Não é saudade, é a falta maníaca.
E sabe qual é o pior disso tudo? É que a culpa não é dos hormônios.
Talvez seja a estação. Talvez seja alguma estrela entrando na rota de algum planeta. Talvez seja a má alimentação. Talvez sejam as noites mal dormidas. Talvez seja tudo frescura. Não sei.

Mas hoje aconteceu algo diferente, eu experimentei o mediano.
Nem angústia, nem medo. Nem ansiedade, nem apatia.
Ainda existem algumas pontadas de exagero sentimental, mas hoje eu senti que algo mudou - temporariamente ou não.
Só de poder viver um pouco no mediano eu senti que voltei - um pouco - pro eixo, pro foco,pra estrada. E, sim, agora eu posso ver uma luz no fim da estrada - ínfima, mas presente.

"Então, de repente, sem pretender, respirou fundo e pensou que era bom viver. Mesmo que as partidas doessem, e que a cada dia fosse necessário adotar uma nova maneira de agir e de pensar, descobrindo-a inútil no dia seguinte - mesmo assim era bom viver. Não era fácil, nem agradável. Mas ainda assim era bom. Tinha quase certeza."
C.F.A

sábado, 6 de junho de 2009


Vivia no seu mundinho, sua imagem no espelho era mais alienadora do que as sombras no fundo da caverna de Platão. Porém, de vez enquanto, ela sentia um negocinho diferente no fundo do estômago - ou seria na cabeça, no coração ou no corpo todo?
Era um formigamento meio estranho, como se algo estivesse na eminência de surgir. Seria um novo ser, um novo órgão, uma nova doença?
Nesses momentos de indagação ela percebia que seu reflexo no espelho não fazia tanto sentido, na verdade, parecia mais uma figura tosca, disforme e beirando ao assustador.
Desta vez o formigamento aumentou, seus pés pareciam que tinham vida própria e queriam sair correndo dali - com ou sem ela.
Ela também queria sair correndo, queria segui-los para qualquer lugar, mas simplesmente estava estática de medo - acabara de perceber que o seu mundo não existia.
Formigamento. Náusea. Vertigem. Seu reflexo havia sumido.

Agora, ela só queria abraçar o mundo. Ela queria ser o mundo - sem espelhos.

domingo, 31 de maio de 2009


Maio já está no final
É hora de se mover
prá viver mil vezes mais.
Esqueça os meses
esqueça os seus finais.


Maio passou se arrastando pelo tempo como um velho manco. Minhas dúvidas, angústias e medos amarraram o tempo e fizeram dele o seu maior refém- e eu a mais torturada.
Amanhã já é junho e depois, se tudo der certo, será o natal e fim.
Que junho não venha tão manco e traga um guarda-chuva.

sábado, 30 de maio de 2009


À beira da cama, à tona, no escuro, ele girava lentamente a manivela da caixinha de música.


Não sei, mas eu acho que as palavras estão fugindo de mim - cansaram das minhas lamúrias.

sábado, 23 de maio de 2009


Difícil conjugar a vida
Separar cicatriz e ferida
E engolir o comprimido do tempo.


Nesses dias nublados, depois de uma chuva fina e constante - variando com algumas pancadas- eu me pego medindo palavras, observando vírgulas e vetando reticências.
Tudo isso pra não dizer que estou sentindo saudade, pra não deixar que essas palavras digam tudo que está entalado na minha garganta e agonizando aqui dentro.

quinta-feira, 21 de maio de 2009


E eu que sempre acreditei na minha racionalidade, vivo, hoje, na superfície da consciência.
Tenho medo de mergulhar nos meus pensamentos, de tentar compreender os enigmas dos fatos, de me aprofundar nas minhas teorias e me perder nos meus motivos.
Vivo na linha tênue entre o visível e o "não quero ver".
Existem tantas coisas que me parecem erradas ou que deveriam ser feitas, mas por motivo maior - foco - prefiro, de forma sutil, coloca-las de lado, bem de lado.
Muitos me diriam que estou certa, mas eu não acho. Por isso vivo desse jeito, meio suspensa na realidade, meio míope pra vida, meio surda para os fatos gritantes.
Desço as escadas, viro a esquina e me esqueço; só me encontro depois, à noite, sozinha e no escuro.


"O mundo não seria tão ruim se pudéssemos sair dele de vez em quando..."
Calvin e Haroldo.

domingo, 17 de maio de 2009


Só chove nessa cidade e continua quente...

sábado, 16 de maio de 2009


Lava esse rosto, veste um sorriso barato, coloca o óculos e segue em frente.
-Seguir pra onde?
-Não interessa.Ficar parado é que não pode.


Ultimamente eu só faço reclamar e seguir em frente, sempre.
Quase de forma alienada, sempre em frente, em frente - sem parar.
Tecnicamente eu tenho um objetivo, claramente eu deveria ter um foco, mas de fato eu não sei de mais nada.


Comece pelo começo, siga até chegar ao fim e então, pare.

domingo, 10 de maio de 2009


Tempo é algo completamente abstrato, para mim. O fato de ter um relógio, ponteiros girando indiferentes aos fatos e a sucessão de dias e noites, não me fazem crer nele; o tempo, pra mim, continua sendo algo abstrato. Na verdade, é algo abstrato e tendendo para "não compreendo e serei mais feliz sem compreender".
Porém, ultimamente, com toda essa objetivada que está sendo imposta a mim - e por mim - o conflito entre o abstrato e o concreto está acabando comigo.
Tento, de verdade, conciliar minhas necessidades com o tempo "mano velho", mas ele não me compreende e não percebe o que eu preciso.
Tenho minhas teorias sobre o tempo, mas, agora, eu tenho certeza que ele está malcomunado com o meu pai - certeza- ambos tem a incrível habilidade de me privar das coisas que eu mais quero e de não deixar eu fazer o que é "necessário".

O tempo, concreto, existe. Eu sei que existe, não estou ficando louca. Acaba com as coisas, faz surgir ruguinhas, aparecer gordurinhas e todas essas coisinhas que estão no diminutivo, justamente, por incomodarem tanto.
Mas esse tempo cronometrado não me convence, quase me ilude, mas não me completa, só me tira as coisas.
Talvez - bem talvez - eu não saiba mesmo lidar com tudo isso e fim, mas eu não acredito muito nisso, prefiro minha teoria da união maléfica entre o meu pai e o tempo.
É, certeza.


p.s: Queridos leitores anônimos ou inexistentes, perdoem a minha ignorância mas é malcomunado ou mancomunado? Recorri ao dicionário, aos espertos de plantão no msn mas não tive respostas satisfatórias. Mancomunado existe no dicionário mas, sinceramente, eu sempre ouvi malcomunado. Burrice crônica ou distúrbios auditivos? sei la.

p.s.2: Parabéns para minha progenitora que me colocou nesse caos e que me ama. Parabéns para mim, que aturo a minha progenitora, transforma a vida dela num caos e que a amo.

sexta-feira, 8 de maio de 2009


- Como você está?
- Estudando.
- Isso não é um estado.
- Eu sei.É uma realidade.

Ultimamente, tenho limitado as minhas resposta de "como eu estou". Não é falta de paciência, educação ou antipatia. Simplesmente é a falta de uma resposta coerente.
Os fatos me deixam confusa, sempre variando entre: bem, estressada,deprimida ou apática.
Descrever o meu estado é algo complexo e demorado, talvez só um psicólogo ou um surdo teria paciência de me ouvir.
Hormônios? Frescura? Cansaço? Falta de tempo?
Não sei.
Já me disseram que vai passar.
Também não sei.

domingo, 3 de maio de 2009




Querem saber
Como é estar aqui
Lembrar e esquecer
Como sobrevivi
Querem saber se já me sinto bem
Eu digo: melhor.
Pra sempre tão só

sábado, 2 de maio de 2009


Sobretudo quando achava que estava certa, ela percebia que estava errada.
O caminho não era aquele ou, talvez, a idéia não fosse aquela.
Sempre havia um erro no seu acerto. Pensava que desejar a perfeição seria muita pretensão, então apenas desejava estar pouco errada.
Dentro de si ou fora de si. O errado a perseguia, era seu fã incondicional.

sexta-feira, 1 de maio de 2009


Tenha a forma que tiver — um bebê, um cristal, um diamante, uma faca, uma pêra, um postal, um ET, uma moça, um patim — ele não se parece a nada que você tenha visto antes. Só está ali, à sua frente, como um punhado de argila à espera de que você o tome nas mãos para dar-lhe uma forma qualquer — um bebê, um cristal, um diamante e assim por diante. E se você não o fizer, ele se fará por si mesmo, o momento presente. Não chore sobre ele. No máximo um suspiro. Mas que seja discreto, baixinho, quase inaudível. Não o agarre com voracidade — cuidado, ele pode quebrar.

-Caio Fernando de Abreu.

Aprendendo, diariamente, a conviver com o meu presente sem tentar mata-lo de alguma forma.

Quando, mesmo no meio da multidão, nos sentimos sozinhos.


Everybody wants to be found...

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Um ano!


Um ano de blog.

Sim, queridos leitores anônimos ou inexistente, um ano de palavras desconexas, de erros ortográficos, sentimentos metaforizados, de textos dignos da minha homenagem- a minha forma de homenagem.
Quando criei o blog não tinha muito em mente o que faria com ele. Só queria fugir, um pouco,
do fotolog e do orkut.

Comecei com pequenos textos aleatórios, passagens de autores - destaque para Caio, Mário e Drummond - confidentes indiretos. Depois de um tempo, sem perceber, acabei transformando esse blog num diário meio lírico, não sei.
Só sei que, mesmo sem a presença de leitores - exceção para Alana e Tati - eu vou continuar escrevendo por aqui, acho que não consigo mais ficar sem escrever qualquer besteira.

Então é isso. 365 dias de Karoline em forma de palavras.


Porque o tempo é uma invenção da morte: não o conhece a vida - a verdadeira - em que basta um momento de poesia para nos dar a eternidade inteira

-Mário Quintana.

sábado, 25 de abril de 2009

Sonhos juvenis.


Quando eu tinha uns 10 anos eu sempre imaginava coisas, entre elas, como eu seria quando tivesse 18 anos. Pensava que assim que entrasse na, tão esperada, maioridade minha vida mudaria completamente. Eu seria independente, moraria sozinha, estaria na faculdade, seria bonita, alta e teria um namorado legal a tiracolo.Sonhos juvenis.
Os anos se passaram, agora eu já tenho 18 anos e, obviamente, não sou nada daquilo que pensava que seria. Estou longe de começar a morar sozinha, preciso do dinheiro dos meus pais pra bancar meus vícios, estou no pré-vest (isoladas, okay?),beleza é uma coisa complexa de dizer,minha altura é aceitável e o namorado não apareceu ainda - muito menos o legal.
Horas perdidas imaginando, anos de espera...para isso.
Mas apesar da minha maioridade deprimente, os sonhos continuam, talvez, menos idealizados ou tão juvenis quanto os de 8 anos atrás - sei lá.

Sonhos juvenis, não mudaria nada se pudesse voltar ao passado.

Voltar.

Parte I:

Primeiro, partimos. Então surge o sentimento de perda, de fragilidade dos fatos.
Depois com um tempo, com um sofrimento, o novo é consumado. As feridas ainda são visíveis, algumas já cicatrizaram, e você voltou a andar. E, no meio dessa nova caminhada, eis que surge um novo fator: há possibilidade de voltar.

A principio, o entusiasmo é inevitável. Voltar. Reviver. Rever.
Meras ilusões de quem foi e não queria ir, de quem - por medo - deixou para trás um pedaço de si, como suporte, caso o novo fosse muito doloroso.

Mas, o tempo não pára, já dizia a canção. Pura inocência seria pensar que tudo estaria no mesmo lugar, que as pessoas seriam as mesmas, que a vida seria a mesma. Eu não sou a mesma.

Então do entusiasmo se criou o receio, o medo.
Voltar? Reviver? Rever?
Dúvidas cruéis de quem consumou o novo sonhando com o passado e quando acordou percebeu que havia um futuro batendo na porta, na verdade, querendo arrombar a porta.

Não que estivesse triste, só não compreendia o que estava sentindo.

terça-feira, 21 de abril de 2009


A falta de conexão dos fatos, ultimamente,tem me deixado perdida e com medo das prováveis consequências. Essa falta de eixo, de objetivos claros, de realidades exatas me deixa perdida dentro dos meus pensamentos. Quando vejo o tempo já passou e o que era pra ser já foi e o será não será nunca mais.
As vezes, me apego ao caos como a uma bóia, me deixo a deriva esperando que o acaso e que todo esse caos possa me trazer coisas boas, terra firme - quem sabe.

Oh my god I'm so messed up
I don't know which way to go!

domingo, 19 de abril de 2009

"Sorrir
Vai mentindo a tua dor
E ao notar que tu sorris
Todo mundo irá supor
Que és feliz"

As vezes é preciso ser um pouco parnasiano.

Não é a primeira vez que eu escrevo isso aqui, na verdade, eu apenas lembrei da música e percebi que já havia vivido momentos parecidos. Mais de um ano se passou, a realidade hoje é outra apesar do cenário ser o mesmo e do personagem principal também.

sábado, 18 de abril de 2009


"Hoje pensei sério: se me perguntassem o que mais desejo na vida, não saberia responder.
Quero tudo. Mas esse “tudo” é tão grande, tão vago, que me sinto estonteado. É preciso ir limitando meu sonho, apagando a linha supérflua, corrigindo as arestas, até restar somente
o centro, o âmago, a essência. Mas qual será esse centro, meu Deus, que não encontro? "


Entre a o querer e o poder.Entre o ter e o não ter.Entre o sim e o não.Entre o fato e o ato.
Me desloco, diariamente,entre essas coisas procurando apenas não me perder e nem me esquecer em nenhuma tentativa frustrada.