domingo, 28 de junho de 2009


Só mesmo quem tem como musa a garota de Ipanema pode dizer que as águas são de março e fecham o verão. Aqui, em Pernambuco, onde a musa é a moça bonita da praia de Boa Viagem, as águas dão o ar da graça no final de março, entram em abril, passam por maio, se acomodam em junho e e começam a fazer as malas só no final de julho.
Mas não pensem que tudo isso é preconceito, só porque a musa daqui não é internacional, isso tudo é geografia. Uma pequena explicação: Pernambuco é influenciado por uma massa de ar úmida - cujo nome não vem ao caso, pois eu não lembro - proveniente da Amazônia, logo apresenta um clima tropical do tipo As' - inverno chuvoso!
Pronto, expliquei.

Porém, caros leitores inexistentes, não pensem que eu tenho alguma simpatia pela geografia, pois eu não tenho. A minha única simpatia é pela idéia de ver o meu nome na lista da federal, logo pretendo esquecer de tudo isso quando eu sentar no bar da Kely - ou em qualquer outro bar - para comemorar a minha aprovação.
Contudo, é vital não esquecer que nessa época do ano é obrigatório sair - sempre - com um guarda-chuva. Parece que a chuva e o sol brincam de morto-vivo e nunca se sabe, ao certo, quando se vai levar um banho de chuva e de água suja das ruas cheias.
E, importante também, nunca saiam com uma roupa mais quente, pois nunca vai fazer frio o suficiente para isso.
Porque vocês sabem, né... nem mesmo a garota de Ipanema ou a moça bonita da praia de Boa Viagem ficam sensuais num Rio Doce/Piedade - lotado, óbvio - ensopadas pela chuva e pelo suor - delas e dos outros passageiros.
Pronto, falei.

sexta-feira, 26 de junho de 2009


Afável - era o que pensava quando segurava aquele pedaço de pano. Afável, amável entre tantos outros adjetivos que ela procurava para aquilo que trazia tantos sentimentos ou fazia surgir tantos sentimentos.
Velho, gasto, meio puído, com cheiro de guardado. Essa era a visão que qualquer um teria daquele pedaço de pano, menos ela.
Ficava sempre no fundo do armário, num lugar não tão visível e muitos diriam que estava esquecido, mas ela diria que estava cautelosamente guardado.
Um pedaço de pano tão inflado de lembranças, sorrisos e abraços não poderia ficar à vista - ela não estava sempre preparada para aquele turbilhão de sentimentos.
Mas nas horas que ela esquecia de si, esquecia dos sentimentos, esquecia do sentido do que é ser completo...ela procurava aquele pedaço de pano, aquele mesmo velho e sem nenhuma pretensão a não ser a de completar o que um dia foi repleto.
Era um casaco. Era ele. Era ela. Era.

terça-feira, 23 de junho de 2009


Devaneios sentimentais.

sábado, 20 de junho de 2009


Minhas palavras estão preguiçosas; acordam, limpam a baba, se remexem, viram pro lado e voltam a dormir. Dormem, esquecem, ignoram. Cansaram das lamúrias.

sexta-feira, 19 de junho de 2009


Quero falar com o chefe. Quem comanda toda essa bagunça?
Eu pago caro, no dia e faço concessões absurdas. O preço é muito alto pra aceitar que nada funcione direito ou só com um jeitinho. Quero muito mais que um sorriso frouxo ou palavras mornas. Quero tudo o que tenho direito, até a cereja no sorvete.
Cansei.

sábado, 13 de junho de 2009


Ultimamente, eu tenho andado meio que no limite dos sentimentos. Não é feliz, é super feliz. Não é triste, é arrasada. Não é preocupada, é apavorada. Não é saudade, é a falta maníaca.
E sabe qual é o pior disso tudo? É que a culpa não é dos hormônios.
Talvez seja a estação. Talvez seja alguma estrela entrando na rota de algum planeta. Talvez seja a má alimentação. Talvez sejam as noites mal dormidas. Talvez seja tudo frescura. Não sei.

Mas hoje aconteceu algo diferente, eu experimentei o mediano.
Nem angústia, nem medo. Nem ansiedade, nem apatia.
Ainda existem algumas pontadas de exagero sentimental, mas hoje eu senti que algo mudou - temporariamente ou não.
Só de poder viver um pouco no mediano eu senti que voltei - um pouco - pro eixo, pro foco,pra estrada. E, sim, agora eu posso ver uma luz no fim da estrada - ínfima, mas presente.

"Então, de repente, sem pretender, respirou fundo e pensou que era bom viver. Mesmo que as partidas doessem, e que a cada dia fosse necessário adotar uma nova maneira de agir e de pensar, descobrindo-a inútil no dia seguinte - mesmo assim era bom viver. Não era fácil, nem agradável. Mas ainda assim era bom. Tinha quase certeza."
C.F.A

sábado, 6 de junho de 2009


Vivia no seu mundinho, sua imagem no espelho era mais alienadora do que as sombras no fundo da caverna de Platão. Porém, de vez enquanto, ela sentia um negocinho diferente no fundo do estômago - ou seria na cabeça, no coração ou no corpo todo?
Era um formigamento meio estranho, como se algo estivesse na eminência de surgir. Seria um novo ser, um novo órgão, uma nova doença?
Nesses momentos de indagação ela percebia que seu reflexo no espelho não fazia tanto sentido, na verdade, parecia mais uma figura tosca, disforme e beirando ao assustador.
Desta vez o formigamento aumentou, seus pés pareciam que tinham vida própria e queriam sair correndo dali - com ou sem ela.
Ela também queria sair correndo, queria segui-los para qualquer lugar, mas simplesmente estava estática de medo - acabara de perceber que o seu mundo não existia.
Formigamento. Náusea. Vertigem. Seu reflexo havia sumido.

Agora, ela só queria abraçar o mundo. Ela queria ser o mundo - sem espelhos.