domingo, 31 de maio de 2009


Maio já está no final
É hora de se mover
prá viver mil vezes mais.
Esqueça os meses
esqueça os seus finais.


Maio passou se arrastando pelo tempo como um velho manco. Minhas dúvidas, angústias e medos amarraram o tempo e fizeram dele o seu maior refém- e eu a mais torturada.
Amanhã já é junho e depois, se tudo der certo, será o natal e fim.
Que junho não venha tão manco e traga um guarda-chuva.

sábado, 30 de maio de 2009


À beira da cama, à tona, no escuro, ele girava lentamente a manivela da caixinha de música.


Não sei, mas eu acho que as palavras estão fugindo de mim - cansaram das minhas lamúrias.

sábado, 23 de maio de 2009


Difícil conjugar a vida
Separar cicatriz e ferida
E engolir o comprimido do tempo.


Nesses dias nublados, depois de uma chuva fina e constante - variando com algumas pancadas- eu me pego medindo palavras, observando vírgulas e vetando reticências.
Tudo isso pra não dizer que estou sentindo saudade, pra não deixar que essas palavras digam tudo que está entalado na minha garganta e agonizando aqui dentro.

quinta-feira, 21 de maio de 2009


E eu que sempre acreditei na minha racionalidade, vivo, hoje, na superfície da consciência.
Tenho medo de mergulhar nos meus pensamentos, de tentar compreender os enigmas dos fatos, de me aprofundar nas minhas teorias e me perder nos meus motivos.
Vivo na linha tênue entre o visível e o "não quero ver".
Existem tantas coisas que me parecem erradas ou que deveriam ser feitas, mas por motivo maior - foco - prefiro, de forma sutil, coloca-las de lado, bem de lado.
Muitos me diriam que estou certa, mas eu não acho. Por isso vivo desse jeito, meio suspensa na realidade, meio míope pra vida, meio surda para os fatos gritantes.
Desço as escadas, viro a esquina e me esqueço; só me encontro depois, à noite, sozinha e no escuro.


"O mundo não seria tão ruim se pudéssemos sair dele de vez em quando..."
Calvin e Haroldo.

domingo, 17 de maio de 2009


Só chove nessa cidade e continua quente...

sábado, 16 de maio de 2009


Lava esse rosto, veste um sorriso barato, coloca o óculos e segue em frente.
-Seguir pra onde?
-Não interessa.Ficar parado é que não pode.


Ultimamente eu só faço reclamar e seguir em frente, sempre.
Quase de forma alienada, sempre em frente, em frente - sem parar.
Tecnicamente eu tenho um objetivo, claramente eu deveria ter um foco, mas de fato eu não sei de mais nada.


Comece pelo começo, siga até chegar ao fim e então, pare.

domingo, 10 de maio de 2009


Tempo é algo completamente abstrato, para mim. O fato de ter um relógio, ponteiros girando indiferentes aos fatos e a sucessão de dias e noites, não me fazem crer nele; o tempo, pra mim, continua sendo algo abstrato. Na verdade, é algo abstrato e tendendo para "não compreendo e serei mais feliz sem compreender".
Porém, ultimamente, com toda essa objetivada que está sendo imposta a mim - e por mim - o conflito entre o abstrato e o concreto está acabando comigo.
Tento, de verdade, conciliar minhas necessidades com o tempo "mano velho", mas ele não me compreende e não percebe o que eu preciso.
Tenho minhas teorias sobre o tempo, mas, agora, eu tenho certeza que ele está malcomunado com o meu pai - certeza- ambos tem a incrível habilidade de me privar das coisas que eu mais quero e de não deixar eu fazer o que é "necessário".

O tempo, concreto, existe. Eu sei que existe, não estou ficando louca. Acaba com as coisas, faz surgir ruguinhas, aparecer gordurinhas e todas essas coisinhas que estão no diminutivo, justamente, por incomodarem tanto.
Mas esse tempo cronometrado não me convence, quase me ilude, mas não me completa, só me tira as coisas.
Talvez - bem talvez - eu não saiba mesmo lidar com tudo isso e fim, mas eu não acredito muito nisso, prefiro minha teoria da união maléfica entre o meu pai e o tempo.
É, certeza.


p.s: Queridos leitores anônimos ou inexistentes, perdoem a minha ignorância mas é malcomunado ou mancomunado? Recorri ao dicionário, aos espertos de plantão no msn mas não tive respostas satisfatórias. Mancomunado existe no dicionário mas, sinceramente, eu sempre ouvi malcomunado. Burrice crônica ou distúrbios auditivos? sei la.

p.s.2: Parabéns para minha progenitora que me colocou nesse caos e que me ama. Parabéns para mim, que aturo a minha progenitora, transforma a vida dela num caos e que a amo.

sexta-feira, 8 de maio de 2009


- Como você está?
- Estudando.
- Isso não é um estado.
- Eu sei.É uma realidade.

Ultimamente, tenho limitado as minhas resposta de "como eu estou". Não é falta de paciência, educação ou antipatia. Simplesmente é a falta de uma resposta coerente.
Os fatos me deixam confusa, sempre variando entre: bem, estressada,deprimida ou apática.
Descrever o meu estado é algo complexo e demorado, talvez só um psicólogo ou um surdo teria paciência de me ouvir.
Hormônios? Frescura? Cansaço? Falta de tempo?
Não sei.
Já me disseram que vai passar.
Também não sei.

domingo, 3 de maio de 2009




Querem saber
Como é estar aqui
Lembrar e esquecer
Como sobrevivi
Querem saber se já me sinto bem
Eu digo: melhor.
Pra sempre tão só

sábado, 2 de maio de 2009


Sobretudo quando achava que estava certa, ela percebia que estava errada.
O caminho não era aquele ou, talvez, a idéia não fosse aquela.
Sempre havia um erro no seu acerto. Pensava que desejar a perfeição seria muita pretensão, então apenas desejava estar pouco errada.
Dentro de si ou fora de si. O errado a perseguia, era seu fã incondicional.

sexta-feira, 1 de maio de 2009


Tenha a forma que tiver — um bebê, um cristal, um diamante, uma faca, uma pêra, um postal, um ET, uma moça, um patim — ele não se parece a nada que você tenha visto antes. Só está ali, à sua frente, como um punhado de argila à espera de que você o tome nas mãos para dar-lhe uma forma qualquer — um bebê, um cristal, um diamante e assim por diante. E se você não o fizer, ele se fará por si mesmo, o momento presente. Não chore sobre ele. No máximo um suspiro. Mas que seja discreto, baixinho, quase inaudível. Não o agarre com voracidade — cuidado, ele pode quebrar.

-Caio Fernando de Abreu.

Aprendendo, diariamente, a conviver com o meu presente sem tentar mata-lo de alguma forma.

Quando, mesmo no meio da multidão, nos sentimos sozinhos.


Everybody wants to be found...