segunda-feira, 27 de abril de 2009

Um ano!


Um ano de blog.

Sim, queridos leitores anônimos ou inexistente, um ano de palavras desconexas, de erros ortográficos, sentimentos metaforizados, de textos dignos da minha homenagem- a minha forma de homenagem.
Quando criei o blog não tinha muito em mente o que faria com ele. Só queria fugir, um pouco,
do fotolog e do orkut.

Comecei com pequenos textos aleatórios, passagens de autores - destaque para Caio, Mário e Drummond - confidentes indiretos. Depois de um tempo, sem perceber, acabei transformando esse blog num diário meio lírico, não sei.
Só sei que, mesmo sem a presença de leitores - exceção para Alana e Tati - eu vou continuar escrevendo por aqui, acho que não consigo mais ficar sem escrever qualquer besteira.

Então é isso. 365 dias de Karoline em forma de palavras.


Porque o tempo é uma invenção da morte: não o conhece a vida - a verdadeira - em que basta um momento de poesia para nos dar a eternidade inteira

-Mário Quintana.

sábado, 25 de abril de 2009

Sonhos juvenis.


Quando eu tinha uns 10 anos eu sempre imaginava coisas, entre elas, como eu seria quando tivesse 18 anos. Pensava que assim que entrasse na, tão esperada, maioridade minha vida mudaria completamente. Eu seria independente, moraria sozinha, estaria na faculdade, seria bonita, alta e teria um namorado legal a tiracolo.Sonhos juvenis.
Os anos se passaram, agora eu já tenho 18 anos e, obviamente, não sou nada daquilo que pensava que seria. Estou longe de começar a morar sozinha, preciso do dinheiro dos meus pais pra bancar meus vícios, estou no pré-vest (isoladas, okay?),beleza é uma coisa complexa de dizer,minha altura é aceitável e o namorado não apareceu ainda - muito menos o legal.
Horas perdidas imaginando, anos de espera...para isso.
Mas apesar da minha maioridade deprimente, os sonhos continuam, talvez, menos idealizados ou tão juvenis quanto os de 8 anos atrás - sei lá.

Sonhos juvenis, não mudaria nada se pudesse voltar ao passado.

Voltar.

Parte I:

Primeiro, partimos. Então surge o sentimento de perda, de fragilidade dos fatos.
Depois com um tempo, com um sofrimento, o novo é consumado. As feridas ainda são visíveis, algumas já cicatrizaram, e você voltou a andar. E, no meio dessa nova caminhada, eis que surge um novo fator: há possibilidade de voltar.

A principio, o entusiasmo é inevitável. Voltar. Reviver. Rever.
Meras ilusões de quem foi e não queria ir, de quem - por medo - deixou para trás um pedaço de si, como suporte, caso o novo fosse muito doloroso.

Mas, o tempo não pára, já dizia a canção. Pura inocência seria pensar que tudo estaria no mesmo lugar, que as pessoas seriam as mesmas, que a vida seria a mesma. Eu não sou a mesma.

Então do entusiasmo se criou o receio, o medo.
Voltar? Reviver? Rever?
Dúvidas cruéis de quem consumou o novo sonhando com o passado e quando acordou percebeu que havia um futuro batendo na porta, na verdade, querendo arrombar a porta.

Não que estivesse triste, só não compreendia o que estava sentindo.

terça-feira, 21 de abril de 2009


A falta de conexão dos fatos, ultimamente,tem me deixado perdida e com medo das prováveis consequências. Essa falta de eixo, de objetivos claros, de realidades exatas me deixa perdida dentro dos meus pensamentos. Quando vejo o tempo já passou e o que era pra ser já foi e o será não será nunca mais.
As vezes, me apego ao caos como a uma bóia, me deixo a deriva esperando que o acaso e que todo esse caos possa me trazer coisas boas, terra firme - quem sabe.

Oh my god I'm so messed up
I don't know which way to go!

domingo, 19 de abril de 2009

"Sorrir
Vai mentindo a tua dor
E ao notar que tu sorris
Todo mundo irá supor
Que és feliz"

As vezes é preciso ser um pouco parnasiano.

Não é a primeira vez que eu escrevo isso aqui, na verdade, eu apenas lembrei da música e percebi que já havia vivido momentos parecidos. Mais de um ano se passou, a realidade hoje é outra apesar do cenário ser o mesmo e do personagem principal também.

sábado, 18 de abril de 2009


"Hoje pensei sério: se me perguntassem o que mais desejo na vida, não saberia responder.
Quero tudo. Mas esse “tudo” é tão grande, tão vago, que me sinto estonteado. É preciso ir limitando meu sonho, apagando a linha supérflua, corrigindo as arestas, até restar somente
o centro, o âmago, a essência. Mas qual será esse centro, meu Deus, que não encontro? "


Entre a o querer e o poder.Entre o ter e o não ter.Entre o sim e o não.Entre o fato e o ato.
Me desloco, diariamente,entre essas coisas procurando apenas não me perder e nem me esquecer em nenhuma tentativa frustrada.

domingo, 12 de abril de 2009


Das dores e flores,
só me restaram os amores
que eu não vivi.

sábado, 11 de abril de 2009


"Tô exausto de construir e demolir fantasias. Não quero me encantar com ninguém."

De encantos e encantos perdi o príncipe e virei o sapo da história.

Desviando dos pensamentos obscuros, evitando os atalhos tentadores e duvidosos,correndo contra o tempo, ultrapassando os medos, tropeçando nas dores, procurando caminhos...correndo, correndo e correndo.
Para dentro, para dentro, para dentro de mim - esse é o caminho.
Sem desvios, sem enganos.
Corre.

domingo, 5 de abril de 2009


Mergulhava até o fundo, até onde não enxergasse mais a luz, até onde não pudesse voltar sem que morresse antes. Mas mergulhar, cada vez mais fundo, não seria morrer também?
Sim, ela respondeu, mas o óbvio me matou muito antes e doeu muito.
Renasci, então, para morrer no inesperado, eu espero.

sábado, 4 de abril de 2009



As coisas já não estavam mais como antes.
Percebeu essa mudança singela logo ao seu primeiro abrir de pestanas.
Não sabia exatamente o que havia acontecido, mas sabia que havia ocorrido. Talvez houvesse mudado a estação, a maré, o curso do vento, o caminho do seu pensamento ou do seu coração.
Não era uma mudança dolorosa, havia medo e receio mas não aquela dor.
Como uma semente que germina e luta contra a gravidade, contra o peso da terra e no fim rompe o obscuro para descobrir o pleno, a luz. Ela havia, enfim,visto a sua luz.
Não que os perigos houvessem acabado, mas agora havia luz em seu caminho - momentos de escuridão também- a luz prevalecia.
Todos esses pensamentos flutuavam em sua mente enquanto ela se levantava da cama, enquanto ela se levantava para a vida e percebia que a mudança era ela - simples, recatada, imatura e essencial.
Uma flor nasceu.

*ao som de Elephant Gum - Beirut

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio porque esse não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro.
O medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte,
depois morreremos de medo e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.

-Carlos Drummond de Andrade.