Criava expectativas como quem cria coelhos. Dava abrigo, proteção e alimento, principalmente alimento, podia faltar tudo menos isso. E, assim, com a mesma devoção com que ela os alimentava, eles se reproduziam. Se duplicavam, se criavam, se recriavam. Ocupavam todo o espaço físico, visual e mental. Consumiam sua criadora com a mesma voracidade que consumiam as suas folhas.
Mas chegou um dia que não havia mais espaço para tantos, não havia mais criadora para tantos.
Tudo era coelhos. Tudo era expectativas. Tudo era o caos.
Então, na fragilidade do momento, chegou uma praga qualquer, uma deficiência qualquer e dizimou todos com a mesma velocidade com que surgiram.
Tudo ficou árido. Tudo ficou vazio.Tudo se desfez, menos ela.
Ela que de consumida passou a ser consumidora. Adubou a terra estéril. Plantou uma flor, uma alfafa e um sonho. E logo apareceu um coelho. Dois coelhos. Dez coelhos. Mil expectativas. O caos.
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