sábado, 9 de outubro de 2010

Ostras felizes não fazem pérolas.

sexta-feira, 4 de junho de 2010


Houvesse um telefonema, haveria uma voz e logo após haveria um sussurro e logo, depois do logo, haveria. Houvesse palavras a serem ditas, haveria o reflexo delas no seu rosto tão cansado. Houvesse o silêncio, haveria levitação e logo haveria a queda, logo que houvesse o toque. Houvesse o toque, haveria a anunciação do desejo. Houvesse a fome, haveria a expectativa da boca.

Houvesse tudo isso lá, haveria sentimento.

domingo, 28 de março de 2010


Renasci nos seus braços para morrer na confluência das suas coxas.

Pequenos homicídios amorosos.

sábado, 27 de fevereiro de 2010


Ela se esforçava, teatralmente, para se manter ereta durante esses longos dias quentes. A cada baforada da aurora, a única coisa que ela pensava era na nova ordem: manter-se plena e lúcida.
Havia se entorpecido por um longo período de inverno na sua vida; um inverno tão intenso e tempestuoso que arrastou janeiros, junhos, margaridas e devaneios.
Ela que se fez semente latente, agora, sofre com as dores do mundo, com as carícias sedentas da vida. Mazelas sentidas à carne viva, sangue quente, mente dilatada, olhos famintos, ouvidos abstinentes, coração fumegante e mãos implacáveis. Sentia tudo isso com o prazer de um faminto saciado e com o pavor de um recém saído do ventre materno.
Sim, ela sabia o quê estava acontecendo alí, não era só o calor que a consumia. Desejo também corrói. Desejava, apaixonadamente, tudo o que havia sido estéril no alcance das suas terras e além mar. Desejava a intensidade e a efemeridade de cada flor do reino. Desejava, alucinadamente, a si mesma.

Renasceu após o seu sétimo inverno. Renasceu queimando.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010


"O desejo é um tempo parado
É quando se trocam as datas dos bichos e das flores
É quando aumenta a rachadura da velha parede
É quando se vira a folha, a folha da história
É quando se pinta um fio branco na cabeleira preta
É quando se endurece o rastro de sorriso
No canto dos olhos
Eu sei que a viagem é longa
A voz vai e vem
Você ta aí?
Você ta aí?
Ei, você está aí?
Vontade de abraçar o infinito"


Então, continuamos.